Nesta exposição de Sofia dos Santos onde o desenho é livre mas prisioneiro do registo imaginário e hipnótico da artista, onde é desafiado pela sua perspectiva de inspecção clínica metódica, deparamo-nos com um resultado harmonioso e coerente, presente mas também ausente, onde o olhar da investigadora se encontra e cruza com o outro olhar da artista.
Citando a artista “É aparente a diferença entre o que se vê e o que não se vê? Entre o visível e o invisível? Entre o preenchido e o vazio? Entre o ocupado e o desocupado?”
Agora, aqui neste museu, Sofia dos Santos numa procura compulsiva e obsessiva pelo imaginário construtivista, repete o sentido da criação dos seus desenhos. Transita para o universo das cidades invisíveis onde constrói o sentido do seu trabalho de uma forma subjectiva, acidental e volátil de recriação consciente da sua memória.
A artista com a sua percepção e com a sua sensibilidade repartida entre o absoluto e a intimidade, entre a mancha e o traço realiza um desenho panorâmico onde o pormenor surpreende o espectador como uma espécie de exercício sobre a infinita criatividade de expressão plástica.
O desenho, o risco, a linha, a construção a desconstrução são os protagonistas destes trabalhos da Sofia dos Santos que podem ser apreciados no Museu Geológico.
Sofia Marçal, April, 2017
Melting Neighborhood, Museu Geológico, April, 2017, Curadoria de Sofia Marçal